PASSE VIRTUAL

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

MENSAGEIROS DA PAZ: ANDRÉ LUIZ


"Quero trabalhar e conhecer a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procurarei a prodigiosa luz da fraternidade através do serviço às criaturas, olvidando o próprio nome que deixo para trás por amor a Deus e a elas. Revisto-me transitoriamente de outra personagem para melhor ensinar e amparar. Sou André Luiz."

André Luiz é o pseudônimo adotado por um dos autores espirituais que trouxeram boas novas do mundo extra físico através da mediunidade de Chico Xavier.
Sua verdadeira identidade nunca fora revelada, pois quando começou a desenvolver seu trabalho em 1944, ainda vivia no plano físico a maioria de seus familiares:

"[...] por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão."
Nota de Emmanuel contida no prefácio do livro “Nosso Lar”

Existem várias especulações sobre a identidade de André Luiz, algumas teorias são reforçadas por integrantes do movimento espírita e por pessoas ligadas ao médium Chico Xavier (uma das poucas pessoas que sabiam a verdade sobre André), entretanto a confirmação pública pelo médium ou pelo próprio espírito jamais existiu.

O Espírito André Luiz
Em meados de 1943, André Luiz apresenta-se a Chico Xavier através da orientação de Emmanuel para dar início a uma sequência de obras espirituais que revolucionariam a visão espírita de vida além túmulo existente até então. Através do Best Seller “Nosso Lar” (O livro mais vendido de Chico Xavier), o autor revela a existência de cidades espirituais paralelas ao plano físico e apresenta detalhes da organização da Colônia Espiritual Nosso Lar, narrando sua própria saga após seu desencarne ocorrido em 1930.
Na obra, André Luiz conta que viveu na cidade do Rio de Janeiro e fora um renomado médico sanitarista, filho de pais generosos que sempre lhe proporcionaram conforto. Casara-se com Zélia (nome fictício de sua esposa contido no livro “Nosso Lar”) e com ela tivera três filhos. André destaca que fora um homem orgulhoso, não exercendo sua missão de médico de forma caridosa. Boêmio, contraiu sífilis em suas noitadas e em conseqüência desenvolveu uma obstrução intestinal que tirou seu espírito da vida terrena.
Cena do Filme "Nosso Lar"
No plano espiritual vagou por cerca de oito anos nas zonas umbralinas e fora acusado de ter cometido suicídio pelos espíritos que o obsediavam nas esferas inferiores, acusação que no momento não era compreendida por ele.
 Cansado de sofrer as torturas da própria consciência, lembrou de fazer uma prece pedindo perdão a Deus sobre seus atos, foi então que o orgulhoso médico fora resgatado e conduzido às esferas superiores para tratamento espiritual em um hospital na colônia Nosso Lar.
André Luiz em "Nosso Lar"
A partir daí, o espírito toma consciência de seus excessos enquanto homem encarnado e entende que praticara suicídio inconsciente por não preservar o corpo físico que lhe servira de instrumento para evolução espiritual.
Passa a viver então em Nosso Lar como aprendiz, e movido pela vontade de rever a família que ficara na terra, começa a trabalhar pelo semelhante e a se despojar das paixões inferiores que o acompanhavam em vida, a fim de acumular méritos e obter o direito de visitar a esposa e os filhos em seu antigo lar.
Quando ganha a permissão para rever os seus, sofre um choque ao encontrar sua esposa casada com outro homem e então passa a entender que nunca fizera por merecer o carinho da família. Retornando a Nosso Lar, André Luiz inicia o trabalho de divulgação do plano espiritual através da psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira.

A Série Nosso Lar
Livro Nosso Lar
Como dissemos anteriormente, “Nosso Lar” fora a obra mais conhecida, produzida através da mediunidade de Chico Xavier. Somando todas as edições do livro, os registros de venda até o ano de 2003 ultrapassaram 1,5 milhões de exemplares.
As novidades do plano espiritual anunciadas por André Luiz em “Nosso Lar” causou um impacto significativo no movimento espírita. Até então não se tinha notícias de como os espíritos se organizavam no plano espiritual. A revelação da existência de cidades espirituais dividiu opiniões, entretanto fora confirmada em outras obras, através de outros espíritos utilizando-se de outros médiuns, o que dá credibilidade a André Luiz, pois a mesma revelação declarada por espíritos distintos e obtida por médiuns diferentes está em consonância com os fundamentos Kardequianos:

“A REVELAÇÃO tem por característica a VERDADE. Se for desmentida por fatos, deixa de ter origem Divina, pois Deus não se engana nem mente.”
Allan Kardec em “A Gênese”

Capa do Filme "Nosso Lar"
Nosso lar serviu de inspiração para outros tipos de obras, como novelas (“A Viagem” – TV Globo, 1994) e o filme de Wagner de Assis que leva o mesmo nome do livro, lançado nos cinemas em 2010 e assistido por cerca de 2 milhões de pessoas, além de diversas peças teatrais que percorrem o Brasil.
O livro, entretanto, foi apenas a primeira obra de uma série de dezesseis livros que compõem o conjunto denominado a “Série Nosso Lar”, as quais destacam as experiências deste espírito no plano extra-físico:

Os Mensageiros (1944)
Missionários da Luz (1945)
Obreiros da Vida Eterna (1946)
No Mundo Maior (1947)
Agenda Cristã (1947)
Libertação (1949)
Entre o Céu e a Terra (1954)
Nos Domínios da Mediunidade (1954)
Ação e Reação (1957)
Evolução em dois Mundos (1958)
Mecanismos da Mediunidade (1959)
Conduta Espírita (1960)
Sexo e Destino (1963)
Desobsessão (1964)
E a Vida Continua (1968)
Respostas da Vida (1975)

Além da Série Nosso Lar, André Luiz assina outras nove obras em conjunto com outros espíritos, a maioria delas com Emmanuel.

Teorias sobre a Identidade de André Luiz
Os espíritas mais curiosos, fascinados com os livros de André Luiz passaram a investigar a possível identidade do espírito, autor de “Nosso Lar” e então, surgiram algumas especulações que apresentaremos a seguir:

Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz: Uma das personalidades atribuídas a André Luiz é a do médico sanitarista Oswaldo Cruz. O cientista brasileiro foi o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, respeitado internacionalmente. Entretanto, as informações fornecidas pelo espírito de André Luiz no livro “Nosso Lar”, não batem com a biografia de Oswaldo Cruz, a começar pela data de falecimento de Oswaldo que ocorrera em 1917, sendo que André Luiz teria desencarnado por volta de 1930, além de outras incompatibilidades históricas.

Carlos Chagas
Carlos Chagas: Outra hipótese levantada acerca da identidade de André Luiz é a de que ele teria sido Carlos Chagas, médico atuante na saúde pública do Brasil, iniciou sua carreira no combate à malária e descobriu a doença de chagas, a qual levou seu sobrenome. Foi diversas vezes laureado com prêmios de instituições do mundo inteiro, sendo as principais como membro honorário da Academia Brasileira de Medicina e doutor honoris causa da Universidade de Harvard e Universidade de Paris. Também trabalhou no combate à leptospirose e às doenças venéreas, além de ter sido o segundo diretor do Instituto Oswaldo Cruz.
Waldo Vieira
Essa hipótese é reforçada por Waldo Vieira, médium desertor do espiritismo que psicografou em conjunto com Chico Xavier algumas obras de André Luiz. Waldo afirma que não fora revelada a identidade do autor espiritual na época, pois o filho de Chagas, Carlos Chagas Junior, ocupava um cargo no departamento de ciências do Vaticano, fato que causaria grande repercussão.
Comparando a biografia de Chagas com a de André Luiz, constata-se que também há divergências entre eles. Carlos Chagas contribui enormemente com a sociedade brasileira no que diz respeito à saúde pública, André Luiz relata em suas obras que falhou gravemente em sua missão na terra. Chagas teve dois filhos e desencarnou de ataque cardíaco, André deixou três herdeiros e partiu para o plano espiritual em decorrência de uma obstrução intestinal em conseqüência de um possível câncer. Como podemos ver, há uma incompatibilidade entre as personalidades.

Faustino Esposel
Faustino Esposel: Atualmente é uma das teorias mais aceitas no universo espírita. Faustino nasceu no Rio de Janeiro e fora professor substituto da seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado clínico, catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual foi continuamente encarregado de cursos complementares. Era um desportista apaixonado, chegando a ser presidente do time do Flamengo.
Faustino Esposel desencarnou em setembro de 1931, com 43 anos vítima de câncer, mais ou menos na mesma data em que desencarna André Luiz. Tivera também três filhos, um primogênito e duas meninas, como descreve André Luiz em Nosso Lar.
Vale ressaltar que André Luiz fez algumas modificações em sua narrativa para despistar possíveis investigações sobre sua verdadeira identidade.

O fato é que não há nada concreto com relação a quem foi André Luiz em vida terrena, apenas hipóteses. O autor espiritual de “Nosso Lar” permanece no anonimato. O mais importante é sua valiosa contribuição para com o movimento espírita, que indubitavelmente trouxe novas perspectivas para a doutrina.
Ao que tudo indica André Luiz não mais se manifestou após a partida de Chico Xavier e a deserção de Waldo Vieira. Acredita-se que esse bravo espírito permanece em Nosso Lar trabalhando em benefício de seus semelhantes. A ele, fica nossa gratidão por ter apresentado valiosos ensinamentos.

Ilustração da Cidade Espiritual "Nosso Lar"


Mensagem de André Luiz

A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo
escuro das ilusões.
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso.
Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos
variados e etapas diversas, também recebe afluentes de
conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se
em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente
simples.
Permutar a roupagem física não decide o problema
fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem
que ver com as soluções profundas do destino e do ser.
Oh! caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração!
É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da
Vida Eterna! É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos
detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento
espiritual!...
Seria extremamente infantil a crença de que o simples
"baixar do pano" resolvesse transcendentes questões do Infinito.
Uma existência é um ato.
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia.
Um serviço - uma experiência.
Um triunfo - uma aquisição.
Uma morte - um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos,
quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos
ainda?
E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais
e posições definitivas!
Ai! por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do
espírito!
É preciso muito esforço do homem para ingressar na
academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase
sempre, de estranha maneira - ele só, na companhia do Mestre,
efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis
e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.
Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa.
Nosso esforço pobre quer traduzir apenas uma idéia dessa
verdade fundamental.
Grato, pois, meus amigos!
Manifestamo-nos, junto vós outros, no anonimato que
obedece à caridade fraternal. A existência humana apresenta
grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda
toda a verdade. Aliás, não nos interessaria, agora, senão a
experiência profunda, com os seus valores coletivos. Não
atormentaremos alguém com a idéia da eternidade. Que os vasos
se fortaleçam, em primeiro lugar. Forneceremos, somente,
algumas ligeiras notícias ao espírito sequioso dos nossos irmãos na senda de realização espiritual, e que compreendem conosco que
"o espírito sopra onde quer".
E, agora, amigos, que meus agradecimentos se calem no
papel, recolhendo-se ao grande silêncio da simpatia e da
gratidão. Atração e reconhecimento, amor e júbilo moram na
alma. Crede que guardarei semelhantes valores comigo, a vosso
respeito, no santuário do coração.
Que o Senhor nos abençoe.

 Mensagem contida no Livro "Nosso Lar"

MENSAGEIROS DA PAZ: EMMANUEL


Emmanuel é conhecido por ser o guia espiritual de Chico Xavier, o qual esteve presente em toda vida do médium, dirigindo os trabalhos mediúnicos que Chico se propôs a desenvolver em sua última reencarnação. Junto ao espírita mineiro, Emmanuel trouxe acalanto aos corações sofredores através de suas mensagens de amor e paz.

Dos mais de 400 livros publicados através da mediunidade de Chico Xavier, cerca de 110 são de autoria do benfeitor espiritual, além das diversas mensagens psicografadas de forma isolada e dos ensinamentos passados diretamente a Chico, através de sua clarividência, trazendo as boas novas do plano extra-físico e contribuindo para o crescimento da doutrina espírita no Brasil e no mundo.
Escrever sobre Emmanuel não constitui uma tarefa fácil, tamanha é a sua obra e, sobretudo sua contribuição para o progresso da sociedade espirita em geral, além de ser uma grande responsabilidade.
Procuraremos destacar no presente artigo, algumas de suas reencarnações na terra, suas principais obras, bem como seu trabalho e sua relação de cumplicidade com o maior médium de todos os tempos, Chico Xavier.

A palavra Emmanuel é de origem hebraica e significa “Deus Conosco”.  Aparece escrita com dois “m” pois está traduzida no francês, onde se registra o primeiro trabalho deste espírito utilizando o pseudônimo.
O benfeitor assina uma mensagem produzida em 1861, contida no capítulo XI, item 11 do “Evangelho Segundo Espiritismo”, intitulada "Egoísmo":

“O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus: Esse homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.
É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão. Cabem-vos a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, o encargo e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda a sua força e desobstruir o caminho dos pedrouços que lhe embaraçam a marcha. Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril, para o que cumpre que primeiramente o expilais dos vossos corações.”
  
Emmanuel - "O Evangelho Segundo o Espiritismo."

Certa vez, Chico Xavier ao ser indagado se a mensagem assinada por Emmanuel inserida no "Evangelho Segundo o Espiritismo" era de autoria de seu guia espiritual, o médium respondeu: "Creio que sim. Conservo para mim a certeza de que ele, Emmanuel, terá participado da equipe que colaborou na estrutura da codificação da Doutrina Espírita. A mensagem intitulada 'O Egoísmo', (…) em que se faz referência a Pilatos, é de autoria do nosso benfeitor espiritual, não tenho dúvidas a este respeito”.
Através destas afirmações, temos a certeza da grandeza do espírito de Emmanuel, destacando seu adiantamento moral e intelectual adquiridos em sucessivas reencarnações, as quais destacaremos nesta publicação.

Emmanuel por Chico Xavier:
O primeiro contato de Chico Xavier com a doutrina espírita se deu em 1927, entretanto, Emmanuel vem estabelecer a primeira comunicação com seu tutelado somente em 1931.
Chico estava a meditar sob a sombra de uma árvore, as margens de um açude, quando visualiza a figura luminosa de uma cruz, surgindo logo em seguida à fisionomia de um senhor que vestia uma túnica sacerdotal, circunstância em que ocorre o famoso diálogo entre eles:
“- Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?
- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.
- Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.
- O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?
- Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.
- Qual o primeiro ponto?
- Disciplina.
- E o segundo?
- Disciplina.
- E o terceiro?
- Disciplina, é claro. Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.”

Durante a elaboração da primeira obra mediúnica de Chico, “Parnaso de Além-Túmulo”, o médium destacou a presença de seu guia espiritual:
"Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz.”
Ao questionar a identidade daquele espírito, Chico obteve a seguinte resposta:
"Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espírita. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos…"
E assim a cada dia, os laços que ligavam estes espíritos foram se estreitando, resultando na grande obra que conhecemos hoje.
Certa ocasião, Chico Xavier em entrevista destacou a importância de Emmanuel em sua vida:
"Emmanuel tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que me tolera as falhas e pela bondade com que repete as lições que devo aprender".

A Fisionomia de Emmanuel
Segundo o médium mineiro, Emmanuel sempre se apresentava como o senador romano Públios Lentulus, sua identidade em uma de suas reencarnações.
Destacava-se pelo seu belo porte físico, com o tórax largo, alta estatura, de fisionomia séria e voz grave. Seu rosto era bem delineado, as sobrancelhas grossas marcavam seus traços. Vestia uma túnica clara, tal qual as autoridades romanas usavam na época em que Jesus esteve na terra.
Sua imagem foi reproduzida através da mediunidade de Alberto André Delpino Filho, o qual foi auxiliado por um pintor desencarnado, amigo de Emmanuel para produzir o retrato.
Chico Xavier atestou a obra, dizendo que a mesma representa fielmente as características físicas de seu benfeitor. O quadro hoje se encontra na sede do grupo espírita Luiz Gonzaga em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

As Reencarnações de Emmanuel
Como dissemos anteriormente, o espírito só evolui através de sucessivas existências, as quais lhe conferem uma bagagem de experiências e consequentemente o progresso moral e intelectual. Emmanuel para chegar à condição de guia espiritual errou várias vezes, derramou muitas lágrimas e aprendeu com suas falhas.
Certos fatos que iremos relatar neste tópico, foram contados pelo próprio autor espiritual em algumas de suas obras e nos servem de aprendizado.

Século IX a.C. – Egito – Simas, Grão-Sacerdote: Primeira reencarnação de Emmanuel que se tem registro. Nesta existência, foi um Grão-sacerdote do templo de Ámon-Rá em Tebas, no Egito. Reitor da escola de Tanis e pai da futura rainha Samura-Mat, ou Semíramis, do império da Assíria, da Babilônia, do Súmer e do Akad. Sua história é descrita na obra de Camilo Rodrigues Chaves, cujo título é Semíramis: rainha da Assíria, da Babilônia e do Súmer (LAKE, 1995).

Séculos II e I a.C. – Roma – Públius Lentulus Sura: Cônsul à época de Lucius Sergius Catilina, conspirador e inimigo de Sulla e Cícero, condenado à morte no ano 63 a.C. Foi o segundo esposo de Júlia, mãe do conhecido General Marco Antônio, que, anos mais tarde, participaria do segundo triunvirato romano junto com Lépido e Otávio.

Época de Cristo – Roma – Públius Lentulus Cornélius: Neto e reencarnação de Sura. Teve nova oportunidade como senador romano que exercia funções legislativas e judiciais, de acordo com os direitos de descendência de antiga e tradicional família de senadores e cônsules da república. Unido em matrimônio com Lívia, teve dois filhos: Flávia Lentúlia (Chico Xavier em uma de suas existências) e Marcus. O nobre senador fora o autor da famosa Epístola Lentuli (saiba mais clicando aqui), o único registro da fisionomia de Cristo, endereçada ao Imperador Tibério César. Lentulus esteve frente a frente com Jesus a pedido de sua esposa Lívia, para pedir a cura de sua filha Flávia que fora acometida pela lepra, o que tocou seu espírito profundamente. Desencarnou no ano 79 d.C., cego, em Pompéia, vítima da tragédia do Vesúvio. Fora o legado romano do imperador Tibério César na província da Palestina, à época das pregações de Jesus em Cafarnaum da Galiléia, comissionado para investigar as acusações de corrupção que pesavam contra o governador Pôncio Pilatos.
Emmanuel relata essa fascinante história no livro “Há dois mil anos”.

Século II – Éfeso, Grécia – Escravo Nestório: De origem judia, apesar de nascido em Éfeso, Grécia. Criou-se às margens do Mar Egeu, onde constituiu família. Chegou a ouvir, na infância, as pregações de João Evangelista, tendo colaborado com ele na evangelização da Ásia Menor. Foi escravizado por romanos na Judéia. Tinha um filho, de nome Ciro. Ambos foram martirizados no circo romano ao tempo da perseguição aos adeptos do Cristianismo, durante reinado de Élio Adriano. Seu drama está descrito por ele mesmo através da mediunidade de Chico Xavier no magnífico romance 50 anos depois. Também o espírito de Theophorus, pela psicografia de Geraldo Lemos Neto, relata sua trajetória ao lado do apóstolo João Evangelista, no romance histórico Ignácio de Antioquia

Século III – Roma – Filósofo Basílio: Romano, filho de escravos gregos, pelo ano de 233 vivia em Chipre como liberto, dedicando-se a estudos filosóficos. Foi casado com a escrava Júnia Glaura, com quem teve uma filha, ambas mortas precocemente. Em Chipre, a vida lhe deu outra filha, Lívia, para a qual viveu até o fim de seus dias. Para criar a filha adotiva, tornou-se afinador de instrumentos musicais, transferindo-se para Marselha, onde a educou. Desencarnou supliciado em Lyon, ao tempo do governo de Treboniano Galo nas Gálias, após perseguição aos cristãos da igreja local.
Sua história é relatada por Emmanuel no livro “Ave Cristo”.

Séculos V e VI – França - Bispo de Reims | São Remígio: De família nobre e religiosa, nasceu Remígio na cidade de Lyon, em 439. Inteligente, talentoso e disciplinado, foi considerado o maior orador sacro do reino dos francos pela sua especialidade em retórica. Era distinguido por sua pureza de espírito, seu grande amor a Deus e ao próximo, e pela fé ardente. Foi eleito Bispo de Reims ainda muito jovem, onde permaneceu por 60 anos, sendo considerado o apóstolo dos pagãos nas Gálias. Foi o grande conselheiro e, ao lado da rainha Clotilde, responsável pela conversão de Clóvis I, o primeiro rei dos francos, depois de suas vitórias sobre os povos da Gália, a quem disse em 496: “Abaixa a tua cabeça, oh, sicambro altivo! Adora o que queimaste e queima os que adoraste!“ Pelo seu árduo e ininterrupto trabalho de evangelização, fortaleceu os alicerces do Cristianismo no território francês. Ensinava não somente aos reis e príncipes, mas também aos camponeses e a todos os súditos do novo reinado. Desde a sua morte, em janeiro de 535, aos 96 anos de idade, foi aclamado pela população humilde como um santo. Mais tarde, considerado santo pela Igreja Católica Romana com o nome de São Remígio, teve o seu dia consagrado, o dia 3 de outubro, curiosamente o mesmo dia em que, séculos adiante, nasceria Allan Kardec, na sua mesma cidade natal de Lyon, em 1804. Em 1853, quando reconheceram o seu túmulo, seu corpo foi encontrado ainda intacto, onde até hoje é visitado na Abadia Beneditina de Reims. Entre os seus ditos e ensinos, podemos destacar como dois de seus lemas: “Sê paciente e perseverante nas provações!“ e “Sê corajoso em empreender o bem!“
Esta reencarnação de Emmanuel foi dada em revelações do médium Chico Xavier à família de seu amigo e biógrafo Clóvis Tavares,

Século XVI – Portugal/Brasil - Padre Manoel da Nóbrega:Nasceu em Entre-Douro-e-Minho, Portugal, no ano de 1517. Em 1541, formou-se bacharel em Direito Canônico e Filosofia na Universidade de Coimbra. Três anos depois veio para o Brasil, sob ordens da Companhia de Jesus, com a missão de proteger e converter os indígenas à fé cristã, além de fundar igrejas e seminários. Em 1552, acompanhou o governador Tomé de Sousa à capitania de São Vicente e, dois anos depois, colaborou na fundação de São Paulo. Em 1559, foi demitido do cargo de provincial no Brasil, sendo substituído pelo Padre Luís da Graça. Mesmo assim, auxiliou o governador Mem de Sá na expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Escreveu “Terras do Brasil”, “Cartas da Bahia e de Pernambuco”, publicadas em Veneza entre 1559 a 1570. Desencarnou no Rio de Janeiro antes de assumir o antigo posto.
A reencarnação como Manoel da Nóbrega foi uma revelação do espírito de Neio Lúcio | Arthur Joviano, como consta na mensagem de 3 de agosto de 1949, psicografada na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo | MG por Chico Xavier, e incluída como prefácio deste livro.

Século XVII – Espanha - Padre Damiano: Nascido em 1613, na Espanha. Aos 50 anos, residia em Ávila, Castela-a-Velha, oficiando na Igreja de São Vicente. À época da instauração do Santo Ofício, revelou idéias diferentes, combatendo o fanatismo da Igreja Católica e as injunções políticas da Inquisição. Acreditava na imortalidade da alma e na pluralidade das existências e, embora envergando o labor no ministério católico, abraçava, no íntimo, as premissas da Doutrina Espírita, antes mesmo de seu aparecimento, no século XIX. Desencarnou no Prebistério de São Jaques do Passo Alto, no burgo de São Marcelo, em Paris, em idade avançada.
 Revelação do próprio Emmanuel, constante do romance Renúncia, da psicografia de Chico Xavier. XAVIER, Francisco Cândido. Renúncia. Ditado pelo espírito de Emmanuel. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944.

Século XVIII – França - Educador Jean Jacques Turville:Educador da nobreza e prelado católico romano no período que antecede à Revolução Francesa. Viveu na região norte da França até a época do recrudescimento do Terror, quando decidiu fugir da ferocidade revolucionária, encaminhando-se para a Espanha, onde passou a viver até a morte.
Revelações do médium Chico Xavier a Arnaldo Rocha

Séculos XIX e XX – Brasil - Padre Amaro: Humilde sacerdote católico romano encarnado no último quartel do século XIX, no Estado do Pará, Brasil, com a finalidade de se mergulhar mentalmente na língua portuguesa contemporânea, preparando-se para a missão que lhe seria confiada no vindouro século XX. Reencarnou em abastada família paraense, de origem mulata, e depois de sagrado sacerdote dirigiu-se à cidade do Rio de Janeiro onde passou a dedicar-se à condução da pregação do Evangelho de Jesus, reunindo naquela pequena paróquia milhares de ouvintes de todos os bairros do Rio de Janeiro, que faziam questão de chegar muito cedo para ouvi-lo assentados. Nesta ocasião, travou particular conhecimento com o insígne médico Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, com quem conversou abertamente sobre a codificação espírita. Segundo informação de Chico Xavier, ele pediu esta reencarnação por ter necessidade interior de recolhimento, para ficar esquecido das personagens de destaque que, historicamente, vinha vivenciando nas suas diversas etapas reencarnatórias, a fim de ter tempo e silêncio para meditar e estudar convenientemente o Evangelho do divino Mestre. Seu retrato, ainda há pouco tempo, encontrava-se na sacristia da referida igreja no bairro carioca de Bonsucesso. Viveu pouco na Terra, retornando à pátria espiritual nas primeiras décadas do século XX, a tempo de assumir a condução espiritual da tarefa que lhe estaria afeita por determinação de Jesus, guiando, em nome do Espírito da Verdade, a missão psicográfica do médium Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo | MG, para quem aparece, inicialmente, em 1931. No livro Notáveis reportagens com Chico Xavier, de Hércio Marcos Cintra Arantes, IDE, capítulo 32, páginas 183-184, há uma interessante mensagem psicografada por Chico, em 15 de maio de 1934, em que o benfeitor Emmanuel relata a sua própria desencarnação nesta época, com sua consequente chegada ao Mundo Maior.
Revelação feita pelo médium Chico Xavier em conversa particular com Geraldo Lemos Neto e também com os amigos Clóvis e Hilda Tavares, da cidade de Campos | RJ, e Suzana Maia Mousinho, da cidade do Rio de Janeiro. A referida mensagem encontra-se reproduzida à página 55 da obra Deus conosco, com mensagens de Chico Xavier | Emmanuel nas décadas de 30 a 50, organizadas por Wanda Amorim Joviano e Geraldo Lemos Neto. (VINHA DE LUZ, 2007)

Nova Reencarnação
De acordo com relatos de amigos e pessoas próximas ao médium Chico Xavier, Emmanuel já estaria estagiando em uma nova existência no interior de São Paulo, no seio da família constituída pelo casal D. Laura e Sr. Ricardo, personagens do livro Nosso Lar de André Luiz.
Emmanuel teria reencarnado no ano de 2000, antes do desencarne de seu tutelado, o qual através de desdobramento acompanhou o nascimento do benfeitor:
“Vocês ainda vão reconhecê-lo”. Palavras de Chico após o retorno de Emmanuel ao mundo físico.
Agora os papéis deverão se inverter, Chico deverá se tornar o guia espiritual de Emmanuel, o qual terá a missão de trabalhar pela educação.  Ele ainda completa:
““ O nosso compromisso, meu e de Emmanuel, com o Espiritismo na face da Terra tem a duração de três séculos e só terminará no final do século XXI. ””


Romances de Emmanuel

MENSAGEIROS DA PAZ: ALLAN KARDEC



Para iniciar a série "Mensageiros da Paz", não poderíamos deixar de mencionar a biografia do Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. O espiritismo, sobretudo, nasceu da boa vontade deste iluminado espírito, o qual dedicou boa parte de sua vida ao estudo dos fenômenos sobrenaturais, trazendo a luz àquela que seria a terceira revelação: A Doutrina dos Espíritos.

Nascimento e Juventude:
Em 3 de outubro de 1804 as 19 horas, nascia em Lyon na França, Hippolyte Léon Denizard Rivail, com a missão de, mais tarde, apresentar ao mundo o consolador prometido por Jesus.
Filho do magistrado Jean Baptiste Antoine Rivail e Jeanne Duhamel, Rivail descende paternalmente de uma família de juristas e maternalmente de respeitáveis teólogos, matemáticos e escritores.
Recebeu a educação básica em sua terra natal e sua formação religiosa era voltada ao catolicismo. Nesta época, reinava na França o imperador Napoleão Bonaparte, que veio posteriormente proibir o estudo de matérias que viessem a desenvolver o raciocino crítico nos jovens, desta forma, as famílias mais abastadas encaminhavam seus filhos para completar os estudos fora do país. Por esse motivo, em 1814, quando Rivail contava 10 anos, seu pai o transferira para Yverdun na Suíça (região predominantemente protestante) para concluir sua educação, sob a tutela de Johann Heinrich Pestalozzi.
Instituo Pestalozzi - Yverdun, Suíça
No Castelo de Zahringenem, sede do Intituto Pestalozzi, Rivail aos 14 anos já se destacava ministrando cursos gratuitos a seus colegas menos adiantados. Dedicava-se aos estudos como ninguém e seguia uma rigorosa disciplina aplicada por Pestalozzi, tornando rapidamente um de seus fiéis discípulos e representante de seus projetos, substituindo por vezes seu mestre em diversas atividades. Aos 18 anos, bacharelou-se em Ciências e Letras.

O legado de Rivail:
Ao findar seus estudos, o jovem professor retornou ao seu país de origem e rapidamente se tornou um respeitável pensador francês. Dominava o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês.
Em 1826, fundou o Instituto Técnico Rivail em sociedade com um de seus tios maternos, o qual financiava a instituição. Rivail ministrava aulas com métodos de ensino adquiridos em seu convívio com Pestalozzi.
Por volta de 1831, o pedagogo francês conhece Amélie Gabrielle Boudet, professora de Letras e Belas Artes, que mais tarde veio a se tornar sua principal colaboradora e dedicada esposa.
Curso de Aritmética de Rivail
No ano subsequente o Instituto Rivail fecha suas portas em decorrência de dívidas de jogo de seu tio que era o sócio-capitalista, principal financiador. Após este incidente, Rivail passa ministrar aulas gratuitas de química, física, anatomia e astronomia em sua própria residência.
Como pedagogo trouxe inovações significativas nos métodos de ensino existentes na época, publicando diversas obras como: Plano proposto para melhoramento da Instrução pública (1828); Curso prático e Teórico de Aritmética, segundo o método Pestalozzi, para uso dos professores e das mães de família (1824); Gramática Francesa Clássica (1831); Manual dos exames para os títulos de capacidade; Soluções racionais das questões e problemas de Aritmética e de Geometria (1846); Catecismo gramatical da língua francesa (1848); Programa dos cursos usuais de Química, Física, Astronomia, Fisiologia, que ele professava no Liceu Polimático; Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona, seguidos de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849). Algumas destas obras foram utilizadas pela Universidade da França.

O Contato com o Fenômeno das Mesas Girantes:
Rivail ouve falar pela primeira vez do fenômeno das “Mesas Girantes”(manifestações ocultas que tiveram início nos Estados Unidos e posteriormente chegou a Europa) em 1864:
“Eu me encontrava, pois, no ciclo de um fato inexplicado, contrário, na aparência, às leis da Natureza e que minha razão repelia. Nada tinha ainda visto nem observado; as experiências feitas em presença de pessoas honradas e dignas de fé me firmavam na possibilidade do efeito puramente material; mas a idéia, de uma mesa falante, não me entrava ainda no cérebro.”
Mesas Girantes
Em 1855, nosso ilustre professor encontra um velho amigo, o Sr. Carlotti, o qual lhe discorre com entusiasmo por cerca de 1 hora sobre os assuntos ocultos. Alguns meses mais tarde, Rivail conhece à casa da sonâmbula Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Lá encontrou também o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que falaram desses fenômenos no mesmo sentido que o Sr. Carlotti, onde foi convidado a assistir uma sessão mediúnica.
A partir de então, Rivail inicia seu trabalho de observação e análise dos fatos paranormais:
“Um dos primeiros resultados das minhas observações foi que os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não tinham nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; que o seu saber era limitado ao grau do seu adiantamento, e que a sua opinião não tinha senão o valor de uma opinião pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o começo, evitou-me o grave escolho de crer na sua infalibilidade e preservou-me de formular teorias prematuras sobre a opinião de um só ou de alguns.”

A Codificação Espírita:
Original de "O Livro dos Espíritos"
A partir do primeiro contato com os fenômenos das mesas girantes e falantes, Rivail passa a desenvolver seus estudos sob a coordenação do Espírito da Verdade. Iniciando a elaboração de uma série de perguntas direcionadas aos espíritos que estabeleciam contatos nas reuniões mediúnicas. Para realizar esse importante estudo, o professor contou com a ajuda das jovens médiuns: Caroline e Julie Baudin (14 e 16 anos) e Ruth Céline Japhet (18 anos).
Em 18 de abril de 1857 em Paris, publica-se “O Livro dos Espíritos”, considerada a obra base do espiritismo, surgindo a partir desta, outras obras importantes, as quais formam a Codificação Espírita, conhecida também como “Pentateuco Kardequiano”, são elas: “O Livro dos Médiuns” (1861), “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864), “O Céu e o Inferno” (1865) e “A Gênese” (1868).
Com o sucesso de “O Livro dos Espíritos”, em 1858 foi lançada a Revista Espírita. No mesmo ano fundou-se também a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, tornando-se o primeiro centro espírita da história.

O Pseudônimo “Allan Kardec”:
Como o professor Rivail havia se tornado uma figura reconhecida na França e a Doutrina Espírita confrontava o Catolicismo, o pedagogo ao publicar o Livro dos Espíritos, se viu obrigado a adotar um nome fictício para assinar a obra, a fim de evitar perseguições de uma sociedade preconceituosa. A escolha do pseudônimo “Allan Kardec” ocorre de forma curiosa.
Em umas das noites de trabalhos mediúnicos, o espírito Z. (espírito guia de Allan Kardec), revelou que tivera contato com Hippolyte em uma de suas vidas pregressas na Gália (mais tarde França), no tempo dos Druidas, onde o nosso pedagogo se encontrava na posição de um sacerdote que levava o nome de Allan Kardec, a partir de então, Hippolyte passou a utilizar este pseudônimo para publicar seus estudos referentes ao espiritismo.

O Auto da Fé em Barcelona:
Imagem Ilustrativa
Em 9 de outubro de 1861, registra-se um acontecimento digno de menção. O então bispo da cidade de Barcelona na Espanha queimou na esplanada da cidade, cerca de 300 exemplares espíritas em sinal de repúdio a Doutrina que despertara há pouco. O episódio virou notícia entre os principais meios de comunicação da época, além de causar enorme rebuliço entre as pessoas presentes, as quais ficaram curiosas e buscaram entre as cinzas, páginas legíveis para que pudessem conhecer as obras. O fato ficou marcado na história do espiritismo e acabou soando como uma divulgação da doutrina.

O Desencarne de Allan Kardec:

Túmulo de Allan Kardec
Quando se preparava para transferência de sua residência em 31 de março de 1869 entre 11 horas e meio dia, carregando nas mãos um exemplar da Revista Espírita, Kardec foi acometido pelo rompimento de um aneurisma na aorta, o qual o incomodava há alguns anos e que acabou por sucumbir. Apesar de todas as recomendações médicas para realizar repouso, o professor não conseguira cumpri-las, pois se dedicava por completo a codificação da doutrina. No dia 2 de abril, aos 64 anos, seus despojos carnais foram sepultados no cemitério de Montmartre na França, sob o olhar de mais de mil pessoas. Um ano mais tarde, seus restos mortais foram transladados para o cemitério Pèrie Lâchaise, onde permanecem até os dias atuais. No lugar de uma lápide, fora esculpido um monumento em forma de dólmem, homenageando sua reencarnação druida, a qual recebera o nome de Allan Kardec. Em seu túmulo, permanece gravada uma de suas frases mais célebres:“Nascer, morrer, voltar a nascer progredir sem cessar, tal é a lei."

Referências: Obras Póstumas